28/12/05: Foz do Iguaçu/PR - Pres. Roque Saenz Peña/ARG

Aqui começou a viagem pra valer. Atrasamos para sair. Esperamos a casa de câmbio de Foz abrir pra trocar alguns dólares e acabamos chegando na fronteira um pouco tarde. Entramos na aduana brasileira para registrar nossos pertences, principalmente os eletrônicos (câmeras, celulares, GPS). Rápido, fácil e tranquilo. E então vem a vez de passar a aduana argentina. Aquele congestionamento, duas horas empurrando as motos entre os carros, sol a pino, vestidos com roupas nada confortáveis pra esse tipo de situação. A atendente não mostra o menor interesse em receber turistas, orientá-los ou mesmo se fazer entender. Resultado: alguns de nós entregaram seus passaportes e outros entregaram as carteiras de identidade, embora todos portassem passaporte. Foi falta de informação mesmo. Quem só entregou a identidade tem que pegar outra fila, para pegar a permissão de entrada na Argentina. Dica: apresente sempre o passaporte, esse negócio de Mercosul ainda não está muito adiantado.

Saímos da aduana e paramos no primeiro posto de gasolina do lado argentino, um YPF. A gasolina mais cara de lá é a Fangio XXI, de 97 octanas (equivalente às nossas premium) e custa só R$ 1,50 o litro.

Saímos andando, as 4 motos, o jipe ficou pra trás. Eu vou de ponteiro, e começo a receber sinais de luz dos carros contrários. "Que droga, polícia!", penso eu. Depois de andar mais de meia hora a 80 km/h (velocidade máxima que não condiz com a qualidade da estrada - excelente) descubro que os sinais de luz são para cumprimentar e não para alertar sobre a polícia, como fazemos aqui no Brasil. Então passamos a andar um pouco mais rápido.

Logo somos parados no primeiro posto policial. Nada de propina ou pedido de equipamentos esdrúxulos nas motos (como triângulo, extintor, mortalha...). Apenas os documentos mesmo. Seguimos adiante.

Cidades vão se sucedendo, paradas para abastecer e se refrescar com um suco ou um sorvete, sempre em postos YPF (os que percebemos ter melhor estrutura por lá).

Após Posadas, o primeiro retão daria uma amostra do que seria boa parte da estrada. São cerca de 20 minutos andando a 120-130 km/h até se chegar numa curva, bem aberta, seguida de outro retão "infinito", e assim sucessivamente.

Próximos a Resistencia, resolvemos tentar chegar até Pres. Roque Saenz Peña, que é uma cidade menor e onde teríamos mais facilidade em encontrar um hotel. Para isso, teremos que pilotar à noite. A regra número 1 para uma boa viagem de moto fora quebrada. Para piorar, descubro que meu farol baixo queimou. Em vez de consertá-lo (o que nos atrasaria ainda mais), resolvo andar rápido durante o pôr-do-sol para me adiantar aos outros e depois me juntar ao comboio para terminar a viagem com o auxílio dos faróis deles.

Assim, chegamos a Saenz Peña eu, Marco Polo e Erlon. Marcelo e Karla demoram mais, pois Marcelo tem problemas para pilotar no "lusco-fusco". Eu nem faço brincadeiras sobre isso, afinal quando eu ficar velho como ele pode ser que eu tenha esse problema também... Esperamos por meia hora no trevo de entrada da cidade. Ninguém aparece. Resolvemos entrar na cidade e parar num barzinho. Lá, pedimos a primeira Quilmes (cerveja) da viagem, que desceu como água. Dali a mais ou menos uma hora, aparecem o Marcelo e o João Celso com as meninas. Eles haviam entrado em Saenz Peña por outro caminho, e estavam buscando hotéis. Acabamos ficando no hotel que era em cima deste mesmo bar onde estávamos, o que mostrou ser um equívoco.

O lugar era um pardieiro. O estacionamento era um galpão de entulho, a entrada era pela lavanderia, o "hall" era depósito de material de construção, os quartos eram superquentes, as janelas ligavam uns quartos a outros, o ventilador parecia que cairia sobre a cama, a água da ducha caía sobre a privada, que não tinha assento. Às 6h00 da manhã, começam as obras de demolição do prédio, então se acorda com o barulho da marreta na parede. Graças a Deus não há café da manhã, pois ninguém teria coragem de tomar. Como se fosse possível piorar, o hotel é caro. Seu nome é Orel.

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